Não é todo mundo que chega aos 80 anos com vitalidade. Sorte a do America Football Club que um desses personagens veste vermelho e branco e espalha sorrisos por onde passa: o massagista Luiz Carlos da Silva, também conhecido como Luizão, que completa oitenta primaveras nesta terça-feira (21).
Luizão não precisa apresentar suas credenciais em nenhuma portaria. Suas histórias e conquistas no futebol falam por si. São quatro Copas do Mundo no currículo – três pelo Brasil e uma pelo Kuwait – , com o tetracampeonato de 94 e o vice de 98. Sem perder a humildade, ele diz que está acostumado a levantar troféus. Um bom presságio para o Mecão, que precisa do título da Série A2 para ascender de divisão no Estadual.
“Em quase todos os clubes que eu passei fui campeão”, disparou, sempre com sorriso no rosto.
Amizade com Romário
Apesar dos quase meio século de carreira, pode-se dizer que o início foi tardio. Cria da Zona Oeste do Rio, ele deu seus primeiros passos no Olaria, em 1976, aos 32 anos. Foi nesse período em que ele conheceu o Baixinho – ainda baixinho -Romário, que muitos anos mais tarde tornaria-se seu patrão. À época, Romário era uma criança de 11 anos e também iniciava a carreira vitoriosa nos gramados. Ele comentou sobre a amizade dos dois.
“Quando eu comecei no Olaria, o nosso atual presidente devia ter 11 anos. Daí nós começamos a trabalhar juntos. Posteriormente, trabalhamos juntos por alguns anos na seleção brasileira (Luizão participou das Copas de 90, 94 e 98). A cabeça do presidente é infernal. Ele jamais esqueceu do massagista. Nossa relação é boa, excelente, por isso estou aqui”, comentou o profissional, ao lembrar que também trabalhou com o primogênito Romarinho ainda criança no Vasco.
“Trabalhei com Romarinho no Vasco. Eu era do profissional, e ele era da base. Os dois têm perfis parecidos”, completou.
A primeira Copa do Mundo
Em 78, após passar por todas as categorias do Olaria, Luizão passou por Madureira e Rio Branco-ES, antes de rumar para a de base do Flamengo, que tinha Mozer e Leandro no elenco. Em seguida, foi convidado pelo Comitê Olímpico Brasileiro para ser um dos massagistas do time Brasil no Pan-Americano de 1979, na cidade de San Juan, em Porto Rico.
A ascensão meteórica o levou à Copa do Mundo de 1982, pelo Kuwait, então comandado pelo compatriota Carlos Alberto Parreira. Cariocas da “gema”, os dois já se conheciam de Padre Miguel, bairro da Zona Oeste do Rio.
Após o Mundial na Espanha, o “cria” americano Mário Jorge Lobo Zagallo convidou Luizão para integrar a comissão técnica da Arábia Saudita na Olimpíada de Los Angeles, em 1984. Luizão rodou o futebol árabe por anos até receber um convite de Eurico Miranda, então diretor de futebol do Vasco, para retornar ao Brasil, antes da década virar.
A Amarelinha
O massagista passou anos no Cruzmaltino até que foi “convocado” por Sebastião Lazaroni, treinador da seleção brasileira, para integrar a comissão técnica canarinha em 1990. A partir de então, foram três Copas com a Amarelinha, com três treinadores diferentes, inclusive os “velhos amigos” Parreira e Zagallo.
Luizão também passou opr São Paulo, ABC, Al-Nassr (SAU), Goytacaz-RJ, Petropólis-RJ e Serrano-RJ. Em 2024, trabalhou com o Boavista na elite do Campeonato Carioca. Quando Romário assumiu a Presidência do Mecão, ele não esqueceu do homem que o tratou quando criança no Olaria e há 30 anos no tetracampeonato. Agora, Luizão, Romário e Mecão buscam o retorno à elite do futebol do Rio de Janeiro.
“É uma coisa muito difícil, no meu ponto de vista, um profissional com 80 anos ser contratado por uma equipe que está almejando chegar ao topo do futebol brasileiro. Estou colaborando para isso, é uma coisa que me envaidece, que me deixa grandalhão e me emociona”, concluiu Luizão, orgulhoso de si.
Luizão é pai de duas mulheres, Larissa e Fúlvia, e avô de Rafael, Arthur e Maria.